O dry needling ou agulhamento seco é uma técnica minimamente invasiva considerada de baixo risco associado. O procedimento consiste na inserção de uma agulha fina aplicada diretamente em um ponto-gatilho miofascial ativo (PGM). Após a desativação desse PGM, a agulha é removida da região.

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O que é Dry Needling ou Agulhamento Seco?

O dry needling ou agulhamento seco é uma técnica minimamente invasiva considerada de baixo risco associado. O procedimento consiste na inserção de uma agulha fina aplicada diretamente em um ponto-gatilho miofascial ativo (PGM). Após a desativação desse PGM, a agulha é removida da região.

Resumidamente:

Inserção da Agulha -> Estímulo Mecânico -> Desativação do Ponto Gatilho

O que é o Ponto Gatilho Miofascial (PGM) e como pode ser classificado?

O PGM é um nódulo palpável e hipersensível localizado nas bandas tensas dos músculos que pode causar dor intolerável e limitação funcional. Estima-se que os PGMs são a principal causa de dor em 30-85% das pessoas com disfunções musculoesquelética (dor, espasmo, rigidez e fraqueza muscular). O PGM ativo produz dor espontânea, já o PGM latente não produz dor espontânea e é apenas doloroso à palpação.

Histologicamente, os PGM estão associados a encurtamentos dos sarcômeros da região por hipóxia tecidual, disfunção bioquímica envolvida no metabolismo muscular, alteração de pH e aumento na concentração da substância P. Todas essas alterações influenciam o processo de sensibilização da dor miofascial e se relacionam diretamente a alterações no Sistema Nervoso Central e Periférico.

Como dry needling atua?

Fisiologia da formação do Ponto Gatilho Miofascial

O mecanismo fisiológico do efeito do dry needling ainda não foi completamente elucidado. No entanto, a teoria de sua ação se embasa no fato de que o agulhamento produz resposta local e central que leva o metabolismo à busca da homeostase da região, resultando em uma redução de sensibilização periférica e central de dor.

Estudos demonstraram que o agulhamento desencadeia uma sensibilidade reduzida da região e ativação de mecanismos de controle descendente no cérebro e medula espinhal. Assim, o agulhamento se mostra eficaz em aumentar imediatamente o limiar de dor à pressão e a amplitude de movimento em pacientes com disfunções musculoesqueléticas. Evidências também sugerem que o agulhamento altera a atividade neuromuscular disfuncional nos músculos, diminuindo o tônus e normalizando as vias neuroquímicas.

Evidências na literatura

Uma recente revisão sistemática investigou a eficácia do dry needling em PGM associados às regiões de pescoço e ombros. O estudo conclui que a técnica é recomenda da para aliviar a dor por PGM nessas regiões. Além disso, parece ter um efeito semelhante ao de intervenções farmacológicas. Esses resultados corroboram com estudos prévios que avaliaram o efeito do agulhamento e da terapia manual em pacientes com disfunção, e foi demonstrado que ambos apresentaram efeitos semelhantes para limiar de dor por pressão, amplitude de movimento e incapacidade funcional.

Em outra revisão sistemática com meta-análise foram avaliados estudos investigando a eficácia do dry needling no tratamento de PGMs associados à lombalgia em comparação a outros tratamentos como a laserterapia, acupuntura, entre outras terapias amplamente utilizadas no manejo da lombalgia. Os resultados apontaram que o agulhamento associado a outros tratamentos se demonstrou significantemente mais eficaz na melhoria da intensidade de dor se comparado ao agulhamento sem associação a outras intervenções.

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Consenso sobre o dry needling

O dry needling quando comparado a protocolos placebo ou sem tratamento, se mostra eficaz em diminuir dor, aumentar limiar de dor à palpação e melhorar a função imediatamente e em até 12 semanas de tratamento de pacientes com dor musculoesquelética. Outro aspecto relevante que as revisões mais recentes na literatura demonstram é a de que quando comparada a superioridade do agulhamento a outras terapias como exercícios, mobilizações articulares e terapia manual, não há evidência dessa técnica apresentar melhores resultados.

Em relação às revisões sistemáticas, há alguns viés metodológicos e científicos. Faltam estudos na literatura conduzidos por fisioterapeutas, também há escassez de estudos com rigor científico. Mais estudos na literatura devem ser realizados investigando a eficácia do dry needling realizado por fisioterapeutas, a longo prazo.

Dry needling surge como mais um recurso fisioterapêutico agregando valor ao nosso atendimento

Para nós, fisioterapeutas, na prática clínica, as evidências reforçam o papel do dry needling aplicado a curto prazo para analgesia, aumento do limiar de dor à palpação, e melhora de função para pacientes com dor musculoesquelética. É importante utilizar o dry needling  dentro do raciocínio clínico no atendimento ao paciente. Somos respaldados cientificamente a usá-lo para diminuir os desconfortos relacionados às disfunções musculoesqueléticas e assim, permitir intervenções fisioterapêuticas ativas com o objetivo de ganhos funcionais e redução de incapacidade do paciente.

https://youtu.be/7PU4lpPrJL0
Aplicação do Dry Needling durante o curso da Resportes

Matéria desenvolvida pela Clínica La Posture em parceria com a Resportes

Referência Bibliográficas

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Liu, L., Huang, Q.-M., Liu, Q.-G., Thitham, N., Li, L.-H., Ma, Y.-T., & Zhao, J.-M. (2018). Evidence for DryNeedling in the Management of Myofascial Trigger Points Associated With Low Back Pain: A Systematic Reviewand Meta-Analysis. Archives of Physical Medicine andRehabilitation, 99(1), 144–152.e2. doi:10.1016/j.apmr.2017.06.008

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