Parte I – Destreinamento e impactos da inatividade física:
Antes de abordar a memória muscular, vale entendermos o impacto da inatividade física para uma pessoa ativa que treina de forma consistente.
Vale reforçar que as pausas em treinos podem ocorrer com qualquer pessoa. Os motivos podem variar de questões relacionadas ao trabalho, falta de tempo, a períodos de afastamento por doenças.
Esse tempo afastado pode impactar o corpo das pessoas de forma distinta. Há uma série de variáveis que devem ser levadas em consideração, como a idade e o gênero. Em idosos, por exemplo, parece impactar muito mais rapidamente o corpo se comparado a pessoas na faixa dos 20 e 30 anos. Estudos revelam que em jovens atletas de potência não há perda de força ou de fibras musculares mesmo após um mês de inatividade.
Como ocorrem as alterações:
Quando permanecemos por períodos de inatividade, o corpo automaticamente passa por um processo de readaptação alterando suas características morfológicas, funcionais e biológicas. Os estudos revelam que a partir das primeiras semanas em repouso, o corpo sofre alterações e adaptações, em especial na força muscular, resistência e débito cardíaco.
No caso dos atletas citados anteriormente, apesar de no geral não serem impactados significativamente, as suas fibras musculares específicas envolvidas em determinados em gestos esportivos e esportes começam a mudar em apenas duas semanas sem treino. As fibras do tipo I reduzem em atletas de resistência, já as fibras do tipo II diminuem em atletas de potência e de força. Isso é, as habilidades esportivas podem declinar rapidamente sem estímulos.
Os efeitos do destreinamento sobre ganhos de aptidão e ganhos de VO2 max podem ser perdidos após quatro semanas. É interessante observar que essa capacidade cardiorrespiratória diminui muito mais rapidamente do que a força.
A maioria das pessoas começa a reduzir a força e massa muscular cerca de duas a três semanas após o período de inatividade. A perda de massa ocorre por sua característica plástica.
A plasticidade pode ser entendida como a capacidade de alteração da sua composição estrutural em resposta a fatores fisiológicos e patológicos.
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PRESENCIAL:
Referências:
Bruusgaard, J.C.; et al. Myonuclei acquired by overload exercise precede hypertrophy and are not lost on detraining. 2010.
Gundersen, K. Muscle memory and a new cellular model for muscle atrophy and hypertrophy. Journal of experimental biology. 235-242. 2016. – Liu, Q.; et al. Muscle Memory. J Physiol. p. 775-776. 2011.
Gundersen K , Bruusgaard JC , Egner IM , Eftestol E , Bengtsen M . Muscle memory: virtues of your youth? J. Physiol . 2018
Gundersen, K. Muscle memory and a new cellular model for muscle atrophy and hypertrophy. Journal of experimental biology. 2016
Lee H , Kim K , Kim B , et al. A cellular mechanism of muscle memory facilitates mitochondrial remodelling following resistance training. J. Physiol . 2018
Criação: Gabriela Marciano, Fisioterapeuta da Clínica La Posture
Juliana Satake, Fisioterapeuta Sócia da Clínica La Posture