Lombalgia e Quiropraxia
Segunda a OMS, a dor lombar é um problema de saúde pública global, cerca de 70 a 80% da população já teve ou terá em algum momento dor nesta região. No Brasil é estimado que mais de 10 milhões de pessoas sofrem com a incapacidade decorrente de lombalgia.
Dados do INSS apontam que, em 2017, a dor nas costas foi a maior causa de afastamento do trabalho, sendo a lombar a região mais acometida da coluna.
As dores lombares são divididas em aguda ou crônica, no qual a aguda causa dores de início súbito, por um período de até quatro semanas. Já a dor crônica pode perdurar por meses. A lombalgia também pode ser classificada como primária ou secundária, com ou sem comprometimento neurológico, mecânico-degenerativa ou não mecânica.
Uma das principais causas de dores lombares é do tipo mecânica, que se caracteriza quando a articulação entre dois ossos é levada a uma posição que estira em excesso os ligamentos circundantes, bem como outros tecidos moles.
Em relação à abordagem de tratamento, as diretrizes apontam um prognóstico favorável para a lombalgia aguda. Há alguns anos, os especialistas indicavam o repouso, mas os estudos mais atuais recomendam retornar às atividades normais de vida diária. Também é aconselhado fazer uso de antiinflamatórios não-esteróides (AINEs) e opióides por curtos períodos. No caso do tratamento de dor lombar crônica, é recomendado o manejo multidisciplinar. Isso é, profissionais como médicos, fisioterapeutas e psicólogos, são imprescindíveis no tratamento adequado. A prescrição de medicamentos, exercícios terapêuticos e intervenções psicossociais apontam ser a chave para o sucesso no tratamento.
No caso da Fisioterapia, algumas técnicas são amplamente utilizadas, entre elas, Pilates, cinesioterapia e algumas terapias alternativas e integrativas, como por exemplo, acupuntura e Quiropraxia. Neste texto iremos abordar a técnica de Quiropraxia.
A Quiropraxia surgiu nos Estados Unidos, especificamente na cidade de Davenport, Iowa, no ano de 1895, por meio do canadense Daniel David Palmer, onde por conceitos, princípios e filosofias próprios, explicou que existe uma relação entre a coluna vertebral, sistema musculoesquelético e sistema nervoso. A técnica se desenvolve a partir do diagnóstico, o tratamento, a prevenção das desordens do sistema neuromusculoesquelético.
Na quiropraxia, parte-se do princípio que o corpo humano é uma estrutura dinâmica, capacitada para manter o equilíbrio entre seus sistemas, no entanto, quando exposto a situações de traumas ou microtraumas repetitivos, ocorre a subluxação articular, uma disfunção entre as áreas articulares, gerando restrição no movimento, podendo ou não resultar em mau posicionamento na área articulatória.
Essas disfunções provocam sequelas funcionais ou patológicas, o que geram distúrbios biomecânicos e/neurofisiológicos das estruturas envolvidas, afetando direta ou indiretamente outros sistemas corporais. O tratamento através da quiropraxia consiste em técnica manual visando o ajustamento articular, onde o terapeuta executará manobras rápidas e precisas, geralmente acompanhadas de estalidos, no qual restaurará a função da articulação, causando uma sessão de bem-estar geral do corpo e consequentemente diminuindo o desconforto. Em alguns casos apenas o fato de manipular e dar estímulo à articulação afetada, a coluna já se ajusta sem que haja o famoso truste (estalido).
Assim, a quiropraxia se mostra uma ferramenta a mais na abordagem de terapia manual no tratamento de pacientes com lombalgia, dentro de um contexto de protocolo de reabilitação amplo no tratamento da lombalgia.
Fisioterapeuta pela UNIFESP Dr. Welbert Lima
Fisioterapeuta pela UNIFESP Dra. Renata Luri
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