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Na sua rotina clínica você já atendeu ao menos um paciente com queixas de dores crônicas. E nesses casos, vale repensar:

Como foi feito o manejo desse paciente?
Você considera seu tratamento bem sucedido?
Seu paciente obteve o resultado esperado?

Com toda certeza, independente de sua área de especialização e atuação – ortopedia, uroginecologia, obstetrícia, gerontologia, etc, a dor sempre perpassa como um alarme de muitos de nossos pacientes para buscar tratamento adequado. Muitas vezes seu paciente chegará à você depois de ter passado por inúmeros profissionais diferentes, trazendo laudos e o pedido médico com um HD específico, no entanto, quando se avalia o caso – funcionalmente e histórico – você se depara com um quadro extremamente complexo com altos e baixos na melhoria e agudização da dor.

Outro quadro comum é aquele paciente que já passou por muitos médicos investigando as dores, porém, nos laudos e exames de imagem nada acusa – sem indícios de lesão orgânica que justifique a dor. Um indicativo forte de que a dor pode estar presente mesmo diante da resolução completa da lesão e sem estímulo nociceptivo.

O básico sobre a dor:

Os estudos apontam que a dor crônica afeta cerca de 40% da população brasileira, e prejudica diversos aspectos funcionais e na qualidade de vida. O impacto da dor crônica é tão relevante a ponto de ser o principal motivo de afastamentos, licenças e até aposentadoria precoce. Lembre-se ainda que no caso da dor crônica, ela não é apenas um sintoma mas sim uma doença de tratamento complexo que irá exigir o trabalho de uma equipe multi e interdisciplinar para resolutividade.

Na dor crônica, quando os sinais de dor ocorrem de forma recorrente e persistente, estudos apontam alterações eletroquímicas no sistema nervoso central que podem alterar a forma que a dor do paciente é sentida, uma hipersensibilidade a sinais e resistência a mecanismos e substâncias que inibem a dor.

Estudos recentes têm demonstrado o papel de mediadores químicos envolvidos no processo de memorização, isso é, mudanças podem ocorrer no cérebro de quem sofre de dores crônicas. As pesquisas científicas apontam que pessoas com dor crônica apresentam processamento cerebral anormal da informação corporal. No entanto, os mecanismos cerebrais envolvidos nos processos regulatórios ainda não foram elucidados.

Agora que relembramos alguns fatos sobre a dor crônica, vamos aos 3 fatos que você deve considerar sobre o que pode afetar no tratamento do seu paciente:

1- Relação da cinesiofobia e dor crônica

Aproximadamente 70% das pessoas com dor crônica podem desenvolver a cinesiofobia e geralmente vem acompanhada do efeito nocebo, que é o ato de gerar uma expectativa negativa de que algo a fará piorar levando à catastrofização da dor. O efeito nocebo leva a interpretações erradas das sensações que o corpo recebe e pode levar a um ciclo vicioso de dor, medo da dor e do movimento.

Pense no quanto isso impacta a evolução do seu paciente…

2- Sequelas da dor para além do que você imagina

A dor crônica causa isolamento social, queda do senso de produtividade e autoestima, sofrimento na dimensão física e emocional. Pode levar à depressão, deficiências psicomotoras e sensações de perda que muitas vezes guardam pouca relação com o quadro doloroso.

Como você considera essas esferas no seu tratamento e como você acredita que pode interferir no tratamento?

3- O que pode influenciar a dor do paciente

Estados emocionais negativos alteram o funcionamento do cérebro e amplificam o sofrimento associado à dor. Você certamente já se deparou com um paciente que por conta de questões emocionais e psicológicas, alteraram tanto a intensidade quanto a duração da dor que aparentemente estava controlada. Por isso, o trabalho interdisciplinar com acompanhamento psicológico é relevante no tratamento desses pacientes.

Vale lembrar também que, de forma geral, a dor crônica se relaciona a processos patológicos crônicos como a fibromialgia, síndrome do intestino irritável ou até desordens na articulação temporomandibular (ATM).

Dra. Renata Luri é Fisioterapeuta Doutorada pela Unifesp e Sócia na Clínica La Posture.

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