Liberação Miofascial na Lombalgia
A lombalgia é caracterizada por dor ou desconforto na região lombar inferior podendo se estender até a região da prega glútea. Pode ser classificada em três categorias de acordo com as diretrizes clínicas existentes:
- Dor lombar patológica específica da medula espinhal
- Dor lombar específica da raiz nervosa
- Dor lombar inespecífica
A dor lombar inespecífica é caracterizada quando não há uma patologia existente, geralmente está relacionado a síndrome miofascial ou desequilíbrios musculares, podendo desenvolver pontos-gatilho, espasmo muscular e dor local. Ela é responsável por aproximadamente 7 a 11% dos pacientes e a sua população abrange pessoas de meia idade e idosos.
Estudos recentes mostram que 11 a 12% dos pacientes com lombalgia inespecífica apresentam atividades funcionais desordenadas afetando a qualidade de vida e as atividades no trabalho.
A maioria das lombalgias, relacionadas a lesões musculares ou ligamentares agudas, evolui de forma benigna em curto espaço de tempo, porém se não tratada de forma adequada pode originar uma dor lombar crônica.
Estudos encontraram assimetrias nas áreas da secção transversa dos músculos quadrado lombar, psoas e multifidus em indivíduos com lombalgia quando comparados a indivíduos saudáveis. Outros estudos apontaram distúrbios além da musculatura de multifidus e quadrado lombar, foram observadas alterações da função do músculo transverso do abdômen. O grau de atrofia destes músculos está correlacionado com a duração e o grau de dor lombar.
Liberação Miofascial no tratamento da lombalgia
O tratamento consiste em controlar o quadro álgico por meio de recursos analgésicos, restaurar a função dos músculos e aumentar a estabilidade da coluna vertebral.
Estudos apontam para a eficácia da terapia manual como tratamento da dor lombar. Pode ser utilizada para reduzir a incapacidade e aumentar a qualidade de vida dos pacientes no primeiro momento de reabilitação.
A liberação miofascial é uma técnica que utiliza manobras manuais aplicadas à pressão em pontos musculares com o objetivo de relaxar a musculatura e liberar pontos-gatilho. Alguns benefícios incluem o aumento do aporte sanguíneo, recuperação da musculatura espástica e melhora do equilíbrio mecânico lombar.
A ciência aponta que a liberação miofascial melhora o movimento segmentar, diminui os fatores inflamatórios do tecido local e facilita o controle muscular. Além disso, diminui a entrada nocioceptiva no sistema nervoso e modula a experiência de dor, modulando o Sistema Nervoso Central.
Após a liberação miofascial é importante o fortalecimento dos músculos específicos para restauração do controle e estabilidade interna da coluna. Desta forma, a melhora da função da musculatura do tronco e do abdômem parece ser a chave para um tratamento eficaz.
Dra Renata Luri, doutora pela UNIFESP, sócia da Clínica LA POSTURE
Dra Juliana Satake pela UNIFESP, sócia da Clínica LA POSTURE
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